É provável que você já tenha ouvido falar em Inseminação Artificial. Como este procedimento é muito comentado nas mídias e redes sociais quando o tema é Reprodução Humana, é comum associarmos esse nome com outro tratamento bem conhecido, a Fertilização in vitro (FIV).
Apesar de parecer semelhantes, eles possuem processos diferentes. Enquanto na FIV a fertilização é realizada fora do corpo da mulher, ou seja, a união do espermatozoide e óvulo é realizado em laboratório; na Inseminação Artificial o sêmen, que foi coletado previamente e preparado em laboratório, é introduzido no útero através de um cateter, para que a fertilização ocorra dentro do corpo da mulher, assim como aconteceria naturalmente após uma relação sexual.
Dessa forma, a Inseminação Artificial é um método simples, de baixa complexidade, que pode ajudar alguns casais com dificuldade para engravidar. Abaixo discutiremos um pouco mais sobre esse tratamento, explicando melhor alguns detalhes técnicos e tirando algumas de suas dúvidas.
Um pouco de reprodução humana
Para que a reprodução humana aconteça, são necessárias duas células reprodutoras: o espermatozoide do homem, e o óvulo da mulher. O espermatozoide é produzido nos testículos. Já na mulher, o óvulo é produzido a partir do desenvolvimento de folículos maduros nos ovários, que ocorre uma vez a cada ciclo menstrual.
A fecundação é o processo em que o espermatozoide e o óvulo se unem. Isso acontece por meio da relação sexual, em que, no momento da ejaculação, o homem libera no corpo feminino o sêmen.
O sêmen possui milhares de espermatozoides, que nadam pelo canal vaginal, útero e tubas uterinas à procura do óvulo disponível. Se houver essa união, um novo indivíduo poderá ser gerado.
Porém, existem certas condições que prejudicam o processo de reprodução. Na mulher pode haver, por exemplo, distúrbios de ovulação, problemas que afetem a anatomia do útero, ou alterações das tubas uterinas, principalmente as obstruções, dificultando a união dos gametas (óvulo e espermatozoide). Já nos homens pode haver problemas com os espermatozoides, como alterações de concentração ou mobilidade dessas células, ou ainda alterações genéticas.
Quem pode fazer inseminação artificial?
A inseminação artificial, também conhecida como inseminação intrauterina, é indicada, principalmente, para casais que apresentam problemas relacionados à liberação do óvulo (ovulação) e fator masculino leve (alteração leve dos espermatozoides).
Para realização desse tratamento é necessário que a mulher tenha as tubas uterinas (trompas) normais, pois é nessa região que ocorre o encontro do espermatozoide com o óvulo.
Outros casais que podem se beneficiar são aqueles que possuem dificuldade em realizar relações sexuais com penetração e ejaculação; e também aqueles com infertilidade não muito prolongada, sem causa aparente (ou seja, com todos os exames normais) em mulheres jovens.
Esse tratamento pode ser realizado em mulheres solteiras e férteis (maternidade independente) e também nos casos de união homoafetiva entre mulheres férteis que desejam ter filhos, utilizando sêmen de doador.
Como é o procedimento?
1º: Na Mulher
O primeiro passo deve ser a indução da ovulação da paciente, ou seja, induzir o crescimento dos folículos ovarianos. Geralmente utiliza-se medicações para isso, que podem ser orais e/ ou injetáveis. A dosagem do medicamento e mesmo a escolha da via de administração deve levar em consideração fatores individuais de cada mulher.
A duração do tratamento é de, em média, 15 dias. No caso dos medicamentos orais, a ingestão deve acontecer por 5 dias consecutivos, enquanto para os injetáveis pode variar aproximadamente de 8 a 12 dias. Se optado por medicações injetáveis (por via subcutânea), a paciente deverá aplicar o medicamento em áreas específicas, como barriga e coxa. Mas independente do medicamento, o ideal é que eles sempre sejam usados no mesmo horário.
Antes de iniciar a indução da ovulação realiza-se ultrassonografia transvaginal no segundo ou terceiro dia do ciclo menstrual para avaliar o endométrio (tecido que reveste o interior do útero) e os ovários. Dessa forma avaliamos se é possível iniciar as medicações para indução da ovulação.
Após o início das medicações, o próximo ultrassom de controle para avaliar o crescimento dos folículos poderá ser realizado no 8° dia do ciclo menstrual ou 6° dia de estímulo (ou seja após administração dos primeiros cinco dias da medicação). A partir de então, ultrassonografias transvaginais podem ser realizadas a cada 2 ou 3 dias para continuar a monitorização do crescimento dos folículos.
O ideal é que no máximo três folículos sejam estimulados, se houver mais que isso, tem- se o risco de gestação múltipla, sendo orientado descontinuar o tratamento neste ciclo.
Quando os folículos atingem o tamanho adequado, a mulher utiliza uma injeção subcutânea para ajudar o óvulo a sair do folículo, o que chamamos de ovulação. A injeção aplicada é de um hormônio chamado hCG, que após 36-40 horas do seu uso, leva a ovulação.
Assim, agenda-se o procedimento para 24 a 36 horas após a realização da injeção- hCG. Com o óvulo liberado, a mulher está pronta para a inseminação.
2º: No Homem
O homem procede com a coleta do sêmen, geralmente por masturbação, cerca de duas horas antes da inseminação. O sêmen coletado é preparado no laboratório, selecionando-se os melhores espermatozoides. Caso isso não seja possível, os gametas podem ser retirados diretamente dos testículos, por procedimento simples, realizado por médico especialista.
Antes de seguirmos falando sobre o processo de Inseminação, vamos ressaltar um detalhe: existem dois tipos de inseminação, a Homóloga e a Heteróloga. É chamada homóloga quando é utilizado o sêmen do parceiro e heteróloga quando utiliza um sêmen de doador anônimo (banco de sêmen).
Assim, pode-se realizar inseminação utilizando o sêmen de um doador em alguns casos como: homens com má qualidade/ ausência de espermatozoides ou que possuem doença genética que não pode ser detectada nos embriões; e mulheres sem parceiro masculino (maternidade independente ou casais homoafetivos).
3º: Inseminação
Após desencadear a ovulação e preparar o sêmen no laboratório, realiza-se a inseminação, ou seja, o sêmen é inserido no útero da mulher.
Essa etapa é realizada por meio de um fino cateter, que leva os espermatozoides até o interior da cavidade uterina, sendo um procedimento, geralmente, tranquilo, rápido e praticamente indolor.
Após a inseminação intrauterina, os espermatozoides nadam em busca do óvulo. Esse processo de inserir os gametas o mais próximo possível do óvulo facilita muito a “jornada” das células masculinas, aumentando as chances de gravidez.
Cerca de 14 dias após o procedimento, pode ser realizado exame de gravidez para verificar o sucesso do procedimento.
Taxa de sucesso
A chance de sucesso do procedimento de inseminação artificial fica entre 15 % a 20% por tentativa. A repetição do procedimento, mais tentativas podem aumentar essa taxa para 40 a 45% de chances de sucesso cumulativamente.
Porém, alguns fatores podem influenciar essa porcentagem, como a idade da mulher. Mulheres com até 35 anos têm melhores resultados.
Caso não haja sucesso após três tentativas consecutivas de inseminação intrauterina, é sugerido que se tente outra técnica de reprodução assistida, como a fertilização in vitro.
Conheça os outros tratamentos que podem ser realizados. Leia outros artigos no site que podem te ajudar com orientações.
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